Casa espirita ile axe ojuobainan blogg com o entuito de ensinar um pouco de nossa religiao espirita para os adebitos do candobler
sábado, 31 de dezembro de 2016
Mestras de jurema
Mestras da Jurema Sagrada
MESTRA PAULINA DA REDE RASGADA
Dizem que Paulina viveu nas bandas de maceio , por causa de inveja e más companhias , morreu assassinada com 7 facadas, no cabaré onde vivia.
seu ponto de chamada é:
" oti ,oti , oti ,
Paulina to te chamando (2x)
No pé da palmeira Paulina assentada,
salve paulina da rede rasgada." ( diversas vezes)
".Que a jurema te proteja , e as mestras do catimbó estejam sempre teguiando.!!!!!!!
MESTRA MARIANA
Mestra MAriana, vem na linha das aguas
Ela subiu o Morro
E nao desceu ladeira
Ela subiu o Morro
E nao desceu ladeira
Ela é filha de turco
Ela é uma arara cantadeira
Ela é filha de turco
Ela é uma arara cantadeira
Arara, arara,Arara, arara cantadeira
Ela é Mestra Mariana
Rainha das curandeiras
Arara, arara, Arara, arara cantadeira
Ela é Mestra Mariana
Rainha das curandeiras
MESTRA RITINHA DO BAGAÇO
Nada melhor que seu própio ponto para relatar sua vida!
Ponto de Ritinha
Quando Deus andou no mundo,uma luz lhe acompanhou
e eu não sabia que era ela a dona de meu amor
.Ela foi passada com quinze anos dentro da rua da Guía
eu vou lhe dizer seu nome ela se chama Mestra Ritinha .
Ela foi para sua mãe,uma filha querida, adorada!
Mas por não ouvir os conselhos dela levou sete pecheiradas.
As amigas lhe chamavam,só chamavam para a malícia
e na hora de seu enterro só quem foi, foi a polícia.
No dia do seu enterro,com ela naquele negro caixão as despeitadas diziam."descansei o meu coração!"
O dia do seu enterro,foi um dia de alegria
todos os homem choravam,todas mulheres sorriam.
A Jurema quando nasce a ciência ela já traz
eu só peço as filhas dela que obedeçam aos seus pais......
Me sustente o ponto e não deixa cair que Ritinha chegou mas não é daqui!
Ritinha,Cadê o teu colar de ouro?
está no pé de Exú Caveira,
Ritinha, já mandou buscar.
E cadê o seu anel de pérola
mas cadê o seu anelão
o que Ritinha ganhou de um macho
na zona de Ribeirão.
Corre-corre cruzeiro mestre
azul e branco com estrelinhas
você a mestra Ritinha e não a conhece
pois ela é do reino do outro mundo
E há um rio lá
que vai mandar parar...
.
A mestra Ritinha tem um bole-bole
a mestra Ritinha tem um bole-bole
Tem a cintura fina e as cadeiras moles.
São mourão que não bambeia
São mourão que não bambeia
as filhas de Ritinha são mourão que não bambeia!
Quando ela andou no mundo uma luz lhe acompanhou não sabia que ela era a dona do seu Amor. A Jurema quando nasce a Ciêcia ela ja traz, mais eu só peço aos filhos dela que obedeçam a seus pais.Ela era filha preferida da sua Mãe que lhe amou por não seguir os conselhos dela veio um homem e lhe passou.As amigas lhe chamaram e já foram por malicia, no seu enterro ninguem foi só quem foi ,foi a Policia.ela foi passada com 15 anos dentro da Rua da Guia quem quizer saber seu nome ela se chama é Ritinha. Oi sustenta o ponto , não deixa cair Ritinha chegou mas não é daqui.No dia que ela se passou foi um dia de alegria os homens todos choravam e as mulheres todas sorriam.Mas oi sustenta o ponto e não deixa cair Ritinha chegou mas não é daqui.Esse Texto é para aqueles que amam e tem muito o que agradecer a essa mestra que depois de Deus e dentro da Jurema sagrada nos ajuda tanto.Essa mestra que tem seu espirito muito iluminado e que banha de luz a vida de seus filhos
MESTRA JOANA PÈ DE CHITA
Assoita, assoita
e vire os pontos para ver quem é
ela é Joana Pé-de-chita a rainha dos candomblés
o que fazem com as mãos ela desmancha com os pés
Quem é akela moça bonita que veio la do Juremá
Ela vem cortando os maleficios de quem não soube mandar
EU dei um nó na sua saia
eu dei um nó na sua vida
ô Dagmá tu és minha amiga que veio lá do Juremá...
""Barrunfa, barrunfa eu vou barrunfar
E a cachaça está no copo e a macumba eu vou virar
quem não souber do seu nome quando quiser lhe chamar
Chame Joana Pé de Chita ou Maria Dagmá...
Barrunfa, barrunfa eu já barrunfei
e a cachaça está na mata e a macumba eu já virei
quem
não souber do seu nome quando quiser lhe chamar
chame Joana Pé de Chita ou Maria Dagmá...
Ela é Joana Pé de Chita ela é Maria Dagmá
Ô chama seus 'caboco'e dá-lhes surra de matar
A fumaça que ela passa
ninguém sabe passar
e catimbó que Joana faz
ninguém sabe desmanchar
Semeou sua cabaça e plantou sete sementes
Chegou Joana Pé de Chita pra curar puta doente..."Saravá!!
"Que linda cidade que é Santa Rita
Que linda cidade que é Santa Rita
Berço de nossa Mestra Joana Pé de Chita.
Na Jurema Sagrada, ela foi coroada
Na Jurema Sagrada, ela foi coroada
e nessa cidade tornou-se encantada
e nessa cidade tornou-se encantada."
MESTRA MARIA NAVALHADA
Eu vou beber, vou farriar
para a polícia me levar
eu moro em Casa Amarela
lá nas sete esncruzilhadas
e quem quizer saber meu nome
sou eu Maria Navalhada.
Ooooooh Análiac
adê Maria Navalha
ela é moça bonita
que se veste com sete saias
eu a procuro mas não vejo
Cadê Maria Navalha?
Vai pro Japão jandáia
vai pro Japão jandáia
este ponto afirmado é de Navalha!
MESTRA SEVERINA
O meu Gongá está em festa
ai meu Deus o que será?
É a Mestra Severina
que chegou do juremá
No jardim das oliveira
seu tenho meus pontos afirmado
seu já saudei as encruzas
eu vou saudar o meu reinado
MESTRA ANANÌ
Ananí
Meus passarinhos estão cantando
alegris no meu jardim
pedindo um conforto para todas minhas amigas
neste salão está Ananí
Deus abençõe a estes homem
e fale de mim quem quizer
pois os homens ganham dinheiros minhas amigas
prá dar dinheiro a mulher
Eu amei fui amada e ainda tenho quem me quer
mulher para ser mulher da vida, minhas amigas
tem que saber ser mulher
MESTRA MARIA DAS CAMPINAS
Com seus cabelos loiros
nos ombros caidos
é ela Maria das Campinas
Maria das Campinas é ela
e ela vem prá Cidade e não vem brincar
ela vem prá a Cidade para trabalhar.
MESTRA ANINHA DO ANGELÒ
"Aninha deu um nó
ninguem soube desatar
Aninha está na gira
na gira pra girar""
Aninha deu um nó
ninguem sabe o q ela fez
amarrou sete homens todos sete de uma vez""
Aninha deu um nó
ninguem sabe onde foi
foram quatro na sua saiae três no rabo do boi""
Aninha, Aninha,Aninha do Ajiló
Seu lençol tem quatro pontas
cada ponta tem um nó
o nó que Aninha dá Até o diabo tem dó
é um bruxo e uma bruxas sete sapos "cururu"
amarrados e costurados e a macumba vai pra tu!
vai pra tu, vai pra tu, vai pra tu
amarrado e costurado com a pena de urubu!"
"Amar a um seria bem melhor
do que amar a dois a força de catimbó...
eu amo ele, só ele me dá prazer
eu amo tanto ele, só não amo mais você".
"Você dizia que me amava
você me abandonou
o seu amor é um pedaço de papel
caiu na água e molhou
arranje outro amor que o meu acabou...
eu sou Aninha formosa mulher
o ciume foi quem me matou
arranje outro amor que o meu acabou."
Saravá!!!
MESTRA NÊGA LUANDA
"Eu encontrei nêga Luanda
Luanda nêga malvada
Cachaça boa só se toma com Luanda
Ó Luanda, ó Luanda!
É na fumaça do cachimbo na quimbanda
ó Luanda, ó Luanda!
""Sim, sim, sim ó Luanda
Vamos trabalhar ó Luanda
Sim, sim, sim ó Luanda
Vamos trabalhar ó Luanda
Fazer bruxaria ó Luanda
Catimbó, azar ó Luanda
Com agulha e linha ó Luanda
vamos trabalhar ó Luanda"
Aff...eu gosto de todas: Laurentina, Chincha, Juliana, Velha Mundrungueira, Bassulê, Maria Bigode, Paulina, Luziara, Amara José, Farrapo, Amélia, Maria da Virada, Maria Légua, Mariana, Maria do Balaio, Nêga Ana, Maria Cabaçu, Laurinda, Filipina, Clementina, Júlia Galega, Maria Rosa, Ritinha, Anani, Maria do Bagaço, Maria Escolacho, Maria Navalha, Nêga Baiana, Maria Bonita...bem, são as mestras que eu já vi trabalhando... Saravá...
MESTRA MARIA BIGODE
"Bigode quando vai trabalhar
raspa o bigode de cima
e deixa o de baixo
pros homens raspar...
Mas Maria Bigode que vida é a tua?
É tomando cachaça e caindo na rua
Na boca da mata tem um cururu
tem gente fazendo macumba pra tu
""A Bigode é juremeira
Mas gosta da encruzilhada
Ela dá o seu recado
no romper da madrugada
A Bigode é juremeira
faz o bem e faz o mal
Ela vai dá o seu recado antes que o galo cante e o bode berre no curral
""Chiqueiro, chiqueiro, chiqueiro bode
Mas quem tem barba puxa
barba quem não tem puxa bigode
e como eu não tenho
barba puxo a barba do meu bode" Sarava!
Mestra Maria Bigode
"A Bigode é juremeira mas gosta da encruzilhada
ela vai dá o seu recado antes que o galo cante no romper da madrugada
A Bigode é juremeira faz o bem e faz o mal
ela vai dá o seu recado antes que o galo cante no terreiro o bode berre no chiqueiro e o boi urre no curral...e o boi urre no curral...e o boi urre no curral...
Chiqueiro, chiqueiro, chiqueiro bode
Mas quem tem barba puxa barba
quem não tem puxa bigode
e como eu não tenho barba
puxo a barba do meu bode...
Ela é Bigode, bigode, bigodinha
Ela é Bigode, Bigode, Bigodê
no dia que está afunhanhada
Raspa o Bigode de cima e o de baixo é pro macho vê...
Eu tenho uma panela de barro é pra cozinhar guiné
Mas quem quer, quem quer minha panela de barro emprestada para cozinhar guiné..."
MESTRA MARIA FARRAPO
"Maria é formosa
formosa Maria é
ó pisa na umbanda
ó pisa quem tem fé
Com seu colar de ouro
com sua pulseira linda
com seu brinco dourado
ó Balaio
Pisa nessa banda linda
ó Balaio
Pisa nessa banda linda
""No cabaré de Filipina
tem água de cheiro
tem água de cheiro
tem água de cheiro
Ela só faz os seus trabalhos
é com água de cheiro
é com água de cheiro
é com água de cheiro
Ela perfuma os seus machoscom água de cheiro é
com água de cheiro é com água de cheiro...
""Ah Farrapo levanta a saia
Ah Farrapo desta o nó
é debaixo da sua saia que Farrapo faz catimbó...
Com uma rosa no peito e uma lança na mão
trabalha Farrapo virada no cão...
Ah meu palmeiro
meu palmeirão
trabalha Farrapo.
virada no cão
Meu pitiguari
Meu pitiguará
Catimbó de Farrapo
ninguém pode desmanchar..."
MARIA LUZIARA
quando trem da serra
quando vem chegando
la vem maria luziaria
que vem trabalhando
o trem apitou na linha(bis)
mas lá vai Luziaria pra rua da guia(bis)
o trem apitou é hora(bis)
mas lá vai Luziaria pra rua da aurora.
estava sentada na pedra
quando o homem da encruza
te chamou
vem ca luziara vem ca
vem ca luziara ja vou
aiooooooooooo
maria luziara chegou.
"Oh Luziara
Mas que loucura
Deixaste o homem
na rua da amargura
Na amargura
eu não deixei o homem
eu deixes os inimigos
que falavam do meu nome..."
"Onde tu vais Luziara?
Tô indo para o meu sobrado
eu vou levar taça de vinho
é para um homem casado
Oh bebi, bebi Luziara
Bebi, bebi desse vinho?
Mas o vinho que tu me deste
estava envenenado
Ele morreu Luziara
Ele morreu e me deixou
Mas ele não ficou comigo
e com a outra não ficou..."
"Que campos tão verdes
O meu gado todo espalhado
Estou na mesa sou da jurema
Estou vaquejando o gado
Que campos tão verdes
Quebra Pedra me deu
Estou na mesa sou da jurema
Luziara na paz de Deus
Valei-me meu Deus! Valei-me!
Valei-me na minha dor
Estou na mesa sou da jurema
Sou a mestra do amor..."
MESTRA JÙLIA GALEGA
estava na beira do cás
quando navio apitou 2x
o marinheiro me deu um abraço
um aperto de mão
minha boca beijou 2x
Coraje meus Marinheiros,
Coraje para trabalhar,
O meu navio ta no porto ai meu Deus
pra que mandou me chamar.
As águas são cristalinas,
as pedras são de cristais,
brincando com as tartarugas ai meu Deus
e com os peixinhos do mar.
Marinheiro olha a onda, não vá se descuidar.2x
Moça bonita la no mar não tomba, tomba marinheiro nas ondas do mar.4x
Xuá,xuá, xuá ê
é Julia Galega que vem trabalhar.2x
Tambô,Tambôo
O la vai mestra Julia que esta indo agora Tamboo
O la vai mestra Juila que estar indo agora Tamboo
Ela vai quebrando os enbaralhoos tamboô.
quando o navio apitou no cais
7 marinheiros deceram
cada um lhe trouxe uma rosa
e lhe disse julia galega solte seu cabelos(2x)
marinheiro no cais ja é hora
,marinheiro no cais é hora
foi julia galega quem chegou agora
foi julia galega quem chegou agora
, ela é abelha q posa no pau ela
é o pau q só da uma flor
ela se chama julia galega
mulher de vida da banda voou.
MESTRA FILIPINA
"No cabaré de Filipina tem água de cheiro
tem água de cheiro, tem água de cheiro...
Eu vou beber no cabaré é com água de cheiro
é com água de cheiro, é com água de cheiro...
Ela só faz os seus trabalhos é com água de cheiro
é com água de cheiro, é com água de cheiro...
Ela perfuma os seus machos com água de cheiro
é com água de cheiro, é com água de cheiro..."
MESTRA AMARA JOSÉ
"ELA CASA HOMEM COM HOMEM
ELA AMIGA MULHER COM MULHER
ELA É UMA REPARIGA DAS PORTAS DOS CABARÉ"
"...ELA É RAPARIGA DO MERCADO SÃO JOSÉ"
eu sou a vendedora de alho,vendedora de alho da cabeça roxa
eu sou a vendedora de alho,vendedora de alho da cabeça roxa
quer alho meu amor,quer alho meu amor,quer alho da cabeça roxa(bis)
"Um certo dia
estava nas campinas
quando avistei
uma moça em pé
moça bonita
linda e formosa
me diga logo
seu nome qual é?
mas ela vem
é na força da ronda
e o seu nome
é Amara José
O q for feitiço
catimbo, macumba
ela arrebenta
todo patuá...
mas ela vem
é na força da ronda
e o seu nome
é Amara José
Salve sua força
saravá jurema
manda recado
aqui desse congá...
mas ela vem
é na força da ronda
e o seu nome
é Amara José"
MESTRA CHINCHA
chica o chica o que vem fazer no mundo,
diz quita mulher casada e bota moça no mundo. [biz]
MESTRAS ELEONORA
ela é jurema
e trabalha com erva moura
mais quem ela é ?
é maria leonora (2x)
É Leonora, é Leonora, lá de Maceió...
Quem quiser saber seu nome vai no catimbó!!!!
MESTRA MARIA BAGAÇEIRA
ACORDA, ACORDA, ELA É MARIA BAGACEIRA, ELA NÃO TEM PAI NÃO TEM MÃE, MENINA DE DOZE ANOS, ELA NÃO TEM PAI NÃO TEM MÃE, MEINA DE DOZE ANOS, VIVE NO MUNDO ROLANDO Oh Oh, ELA É MARIA BAGACEIRA......SALVE A MESTRA MARIA BAGACEIRA
MESTRA INÊS
"o Inês cade inês, ele matou sete homens de uma vez, mulher melvada mulher de exu ela e pombo gira do cruzeiro do omulu"
MESTRA MARIA DO BAGAÇO
Sua aliança de ouro,
foi seu amor quem lhe deu,
tava sentada na areia
sua alinça perdeu, sua vida foi de sorte e de alegria também
inveja contigo não pode ninguém lhe toma seu bem,
não quer amor de solteiro que faz carinho a mulher
só quer amor de casado é pra fazer raiva a mulher,
ela é Maria do Bagaço é do Bagaço é,
ela é Maria do Bagaço é do Bagaço é,
quando o trêm na serra vem tocando ela é maria do Bagaço que vem trabalhando,
ela é Maria do bagaço é do bagaçador é do bagaçador e vai deixar esbagaçado...
Ela é a luz que ilumina esse caminho
ela é a luz que ilumina esse gongá
ela é a Mestra Meria do Bagaço a protetora dos homens casados (bis)
E para os homens casados um conselho ela vai dar
que ame sua esposa e zele o seu lar(bis)
Vem ver seu moço, vem ver quem sou eu,
Eu sou Maria do Bargaço, que por amor um dia morreu.
Eu ja amei a todos, não amo mais nenhum,
Foi por sofrer bastante, por esse homem que um dia me matei. 2x
E la no seu engenho eu plantei cana de fita
eu sou Maria do Bagaço= Do alto da bela vista. 4x
Eu sou Maria Bagaçeira me Bagaço toda me bagaço toda me bagaço toda.
Eu sou Maria Bagaçeira me Bagaço toda atrás dos marchos me bagaço toda.
Eu sou Maria do Bagaço= Do alto da bela vista.4x
MESTRA LAURINDA
com outros quinze nas ondas do mar,
mas eu sou a Mestra Laurinda sou, rainha do Jurema."
"Laurinda seu pai lhe chama, chama, chama e torna a chamar,
ela é a Mestra Laurinda, é rainha do Juremá."
Parece que Laurinda foi uma menina que morreu afogada, num naufrágio ou algo assim. Não bebe nem fuma, e chora muito, principalmente quando lembra de seu pai.
Mestras
Mestra Maria do Acaes II – É a Rainha da Jurema Sagrada
MestrasAs Mestras mulheres de grande conhecimento dentro da Jurema Sagrada são que
Amadas, Veneradas, pelos os Catimbozeiros, Grande conhecedora das ervas, curas, benzedeiras e feitiçarias.SARAVA AS SENHORAS MESTRAS.Significado de Mestra:
Substantivo Feminino de Mestre: Mulher que Ensina ou Leciona; Professora.MESTRA E O FATO SE PODEM EXTRAIR ENSINAMENTO PROVEITOSO.Sinônimos de Mestra Encantada:
O Encantamento dos Mestres (as).
É o Ato Realizado na Morte de uma pessoa, Mas em vida ela foi consagrada na Jurema Sagrada, ou era Benzedeira, Parteira, Curandeira através de Garrafadas, Mestra das Ervas, e foi consagrada tem pelo Guia Espiritual, mas em vida, mas não manifestava teve o tombo da jurema passou no portal do encantamento.
Pelo contrario do que se pensam os diversos tipos de Mestras não somente mulheres de vida livre. Mais por algum motivo ensinavam com muito aproveito alguma fato. Tais como:
Mestra Principal é Professora tem o conhecimento e a Ciência;
Pessoa que Ensina ou Orienta, professor, orientadora;
Pessoa que Sabe muito, sábia na Jurema diz Ter Ciência;
Pessoa Perita em qualquer Ciência:
Arte da Vida ou um Ramo Profissional, especialista;
Parteira; Curandeira em garrafadas ou Magias; Benzedeira; Pessoas que com as ervas cura as pessoas benzendo, Feiticeira e ou Ciência deBruxaria; Conselheira, Amorosa, Amiga fiel;
Sabe ser Amiga e Madrinha, Mestras que no Catimbó são Defensoras de seus Discípulos,
Mais tem uma Mestra Esquerdeira que são ruim e sem coração, não ama a si próprio, e gosta de brigar com quem a ama.
As Mestras Não têm uma normas a seguir, elas fazem e fazem conforme o seu bem querer, só fala maior e Deus no Céu, mais se der trela ela fica no lugar dele;
As Mestras um Grande Mérito, mas na sua vida particular era consagrada, ou encantada no ato de sua passagem, ou não ter sumir se encantar na natureza e ou animais;
Pessoa que inicia ou lidera uma tendência a ser um futuro Mestre;
Mulheres que teve que viver em Prostíbulos forçadas pela sociedade;
Ou Guia ou Lideres Espiritual, Mentora Espiritual (Juremeira, Madrinha, Pajé);
Mulher que no ato de sua Passagem, foi encantada pelo seu guia espiritual vem na Jurema Como Mestra.
Pessoa que concluiu todas as obrigações dentro da Jurema Sagrada que chamamos de Tombo na Jurema e nos anos seguintes a Renovação no ato de sua passagem for encantada;
Passou por todos os Atos e ou Processos, dentro do Catimbó no qual cada ano tem um ato diferente ate aos sete (7) ano, que e comparado com a árvore da Jurema Preta que demora sete (7) anos para se tornar adulta.
Não são todos os mestres vivos que são encantados, mas todo encantados foi um mestre vivo.
Deve se disser que esses atos de sete anos e somente no reino da Juremal e ou na Jurema de Tupã;
Que e o primeiro reinado e no total são 12 reinos e cada reinado tem os seus princípios.
Tem mestra que em vida foi índia no caso da Mestra Iracema e outras.
Vamos ver Historia de Algumas Mestras, tem umas mais alegres e outras muitos serias.
No mais os Mestres e Mestras do Catimbó foram pessoas que teve vontades e quando são consagrados e encantados no catimbó quando vem despertar todos os tipos de sentimento, e faz e desfaz são vivos tem suas vontades própria.
Mestres
Como grande exemplo o Mestre Preto Zé Pelintra.
Alguns Mestre:Emanoel da Serra e ou Manoel da Serra, Manoel Germano, Manoel Isidio, Manoel Quebra Pedra, Manoel Maior, José de Alencar, José Francisco, José dos Anjos, Zé da Encruzilhada, Zé Enganador, Zé do Beco, Zé do Atrapalho, Zé Molambo, Zé de Canito, Zé Pretinho, Faisca, Zé Ferreira, Zezinho do Acaes, Zé Tomba Serra, Serra de Fogo entre tantos outros mais.
Um pouco de mestrias
Mestria
O Bom Saber dos Senhores Mestres
Mestre Zé Maria atuado no Mestre Neto Juremeiro
Mestres
O mestre (feminino: mestra) É um indivíduo que adquiriu um conhecimentoespecializado sobre uma determinada área d o conhecimento humano.
Com sua grande especialização no assunto, é capaz de dar aulas a pupilos. Habitualmente é usado como título acadêmico para aquele que defendeu um mestrado
O Mestre é o homem em geral criado no meio do Sertão, com o conhecimento do plantio, e de todas ervas medicinais de curas. Há também os que vivia na Boemia, mais por ser Juremeiros em vida consagrados também era conhecedor da medicina alternativa, alem do catimbo.
Existia também os que só fazia magia, bruxaria que hoje na Jurema Sagrada vem como Bruxos e ou Mestres Esquerdeiro.
Vale apena salientar que, Hoje em dia existem muitos dos Mestres Bruxos que vem como esquerdeiros e os esquerdeiros vem como Mestre da Direita. E alguns Mestres já não dar caixa mais por ter evoluído.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
Jurema sagrada
catimbó-jurema
A JUREMA é uma árvore que floresce no agreste e na caatinga nordestina; da casca de seu tronco e de suas raízes se faz uma bebida mágico-sagrada que alimenta e dá força aos encantados do “outro-mundo”. É também essa bebida que permite aos homens entrar em contato com o mundo espiritual e os seres que lá residem. Tal árvore se constitui enquanto símbolo mágico-sagrado e é núcleo de várias práticas mágico-religiosas de origem ameríndia. De fato, entre os diversos dos povos indígenas que habitaram ou habitam o nordeste, se fazia e em alguns deles ainda se faz uso ritual desta bebida .
No ano de 1938, Curt Nimendaju obtém, entre os índios de Santa Rosa – BA, descendentes de Tupiniquins e Kamuru-Kariri um interessante depoimento; uma “visagem” do mundo espiritual conseguida por aqueles que bebem da sagrada bebida feita com partes da Mimosa Nigra Hub.
“A Jurema mostra o mundo inteiro a quem bebe: Vê-se o céu aberto, cujo fundo é inteiramente vermelho; vê-se a morada luminosa de Deus; vê-se o campo de flores onde habitam as almas dos índios mortos, separada das almas dos outros. Ao fundo vê-se uma serra azul; vêem-se as aves do campo de flores: beija-flores, sofrês e sabiás. À sua entrada estão os rochedos que se entrechocam esmagando as almas dos maus quando estas querem passar entre eles. Vê-se como o sol passa por debaixo da terra. Vê-se também a ave do trovão, que é desta altura (um metro). Seus olhos são como as da arara, suas penas são vermelhas e no alto da sua cabeça ela traz um enorme penacho. Abrindo e fechando este penacho, ela produz o raio e, quando corre para lá e para cá, o trovão.” (Numendaju, 1986: 53)
Contudo, este culto este se difundiu dos Sertões e Agrestes nordestino em direção às grandes cidades do litoral, onde elementos das outras matrizes étnicas entraram em cena. Desse modo, o símbolo da árvore que liga o mundo terreno ao além e, embora amargo , dá sapiência aos que dela se alimentam, ganha novos significados, surgindo um mito com traços cristãos. Neste sentido, a Jurema surge como a árvore que escondeu a sagrada família, dos soldados de Herodes, durante a fuga para o Egito, ganhando desde então suas propriedades mágico-religiosas (Cf. Cascudo, 1931 ; Bastide, 1945).
A jurema é um pau sagrado
Onde Jesus descansou
Que dá força e “ciência”
Ao bom mestre curador.
Ainda nessa perspectiva, juntaram-se na constituição desta forma de religiosidade popular, outros elementos de origem européia como a magia e o culto aos santos do catolicismo popular. Da matriz africana, incorporou o sacrifício de animais, como realizado entre os Xangôs nordestinos, além de algumas divindades do panteão Yorubá. As constantes ondas migratórias entre o interior e o litoral devem ter influenciado nestes intercâmbios de elementos simbólicos no culto. E com esta configuração ele se espalha em algumas capitais nordestinas, como Recife, Paraíba, Maceió e Natal.
Na década de 20 os jornais já anunciavam a presença “dos baixos e barulhentos espíritos” do primitivo “Catimbau” , entre os ditos civilizados das pacatas cidades . A partir desta época encontramos referências sobre a Jurema em autores como Cascudo (1931), Fernandes (1940), Bastide (1945) e Vandezande (1975) .
A Jurema que passaremos a apresentar, é a encontrada na cidade do Recife, em terreiros localizados em sua grande maioria nos bairros periféricos da cidade. Dimensionado os limites espaço-temporais do presente trabalho, um primeiro ponto a ser considerado é que o culto à Jurema não se dá de forma padronizada entre os diversos grupos existentes. Como dizem os juremeiros: “Jurema? Cada uma tem a sua, a minha eu cultuo como aprendi com fulano... (sic.)” “A Jurema de sicrano ..., ele dá bode ao mestre dele, na minha eu não cultuo com sangue...(sic.)”. Contudo, em meio às diferenças, existe um complexo de ritos e crenças que os juremeiros compartilham e que permite distinguir o culto à Jurema de outras formas concorrentes de religiosidade popular, em especial do Xangô e da Umbanda comopraticadas no Recife. O que chamaremos aqui, complexo mágico-religioso da Jurema, envolve como padrão a ingestão da bebida feita com partes da Jurema, o uso ritual do tabaco , o transe de possessão por seres encantados, além da crença em um mundo espiritual onde as entidades residem.
Passaremos então a buscar, dentre os rituais observados em várias casas religiosas do Recife, os elementos que possibilitem melhor caracterizar o complexo mágico-religioso do Culto à Jurema. Enfocaremos, então, o mundo espiritual e o panteão de encantados, os artefatos religiosos, os rituais, enfim, a visão de mundo existente entre os juremeiros.
O Mundo Espiritual e Sua Representação no Mundo dos Vivos
“Abrindo a Mesa, com Luz e Amor
Abrindo as Portas do Juremá
Chamando os Guias
Para trabalhar.”
Quem já assistiu uma reunião de Jurema, deve lembrar dessa toada, cantada no início das sessões, para convidar os “Senhores Mestres do outro-mundo” a participarem do mundo dos vivos. Para os juremeiros paraibanos e pernambucanos este mundo espiritual tem o nome de JUREMÁ e é composto por reinados, cidades e aldeias. Nestes Reinos e Cidades residem os encantados: os Mestres e os Caboclos. Nos diz Cascudo (1931: 43):
“Cada aldeia tem três ‘mestres’. Doze aldeias fazem um Reino com 36 ‘mestres’. No reino há cidades, serras, florestas, rios. Quanto são os Reinos? Sete, segundo uns. Vajucá, Tigre, Candindé, Urubá, Juremal , Fundo do Mar, e Josafá. Ou cinco, ensinam outros. Vajucá, Juremal, Tanema, Urubá e Josafá”.
A JUREMA é a cidade-estado deste mundo espiritual. Em Alhandra, localidade do litoral paraibano, considerada por muitos o berço de uma grande linhagem de catimbozeiros e mestres do além, como Manoel Inácio e Maria do Acais, que como nos conta Vandezande (1975) lá formaram escola quando em vida; as árvores de Jurema cultivadas pelos catimbozeiros são consideradas as próprias cidades espirituais.
“A ‘cidade’ mais antiga de jurema, cujo pé de jurema teria sido plantado pelo ‘mestre Inácio’, regente dos índios, é o arbusto velho e enorme que se encontra na atual propriedade ‘Estiva’... O arbusto é sempre venerado, e muitas vezes há velas acesas ao anoitecer. ... O lugar é chamado pelos entendidos de ‘cidade do Major do Dias’. ... Mestre Inácio e o mestre Major do Dias foram proprietários de Estiva. O atual proprietário, o mestre Adão, um dia tornar-se-á também ‘mestre’ do além depois que o seu espírito for lavado .” (Vandezande, 1975: 129)
Entre os recifences, talvez pela falta de espaço nos locais de culto, troncos da planta são assentados em recipientes de barro e simbolizam as cidades dos principais mestres das casas. Estes troncos, juntamente com as princesas e príncipes, com imagens de santos católicos e de espíritos afro-ameríndios, maracas e cachimbos, constituirão as Mesas de Jurema. Chama-se Mesa o altar junto ao qual são consultados os espíritos e onde são oferecidas as obrigações que a eles se deva.
As princesas são vasilhas redondas de vidro ou de louça dentro das quais são preparadas a bebida sagrada e, em ocasiões especiais, onde são oferecidos alimentos ou bebidas aos encantados. Os príncipes são taças ou copos, que normalmente estão cheios com água e eventualmente com alguma bebida do agrado da entidade. É comum vê-se nas mesas mais elaboradas uma complexa arrumação onde entra na composição príncipes, princesas e trocos.
O príncipe ou a princesa é a menor unidade de simbolização de uma entidade espiritual. Todo Juremeiro deve ter, ao menos um destes dedicado ao seu mestre e assentado em sua mesa. Contudo, de acordo com a disponibilidade financeira, pode-se constituir todo um “estado espiritual” – as cidades dominadas por uma determinada entidade. Confecciona-se um estado através do uso de uma princesa tendo ao seu centro um príncipe e em seu derredor mais seis deles. Para complementar este artefato, entraria o tronco da árvore sagrada, que pode ficar no centro da mesa ou em baixo dela.
Para alguns entendidos no culto, é no troco – junto com outros apetrechos que a entidade que o domina solicita que seja nele depositado –, onde estaria o verdadeiro segredo de uma “Jurema plantada”. Portanto, eles argumentam que este deveria ficar longe dos olhos dos curiosos, normalmente em baixo da mesa. Como adverte uma das toadas: “A Ciência da Jurema / Todos querem saber / Mas é feito casa de abelha / Trabalha que ninguém vê.” Em cima do tronco, sobre a mesa, ficaria, a vista de todos, o jogo de príncipes e princesas.
Os Habitantes do Juremá
Duas categorias de entidades espirituais tem seus assentamentos nas mesas de Jurema, os Caboclos e os Mestres.
Os Caboclos e Índios
I
“Fui pra mata, fui caçar
Atirei no que não vi
Acertei passo sagrado,
Era um Pitiguarí.
II
Mas, Tupã me perdoou
Hoje eu não caço mais
Me chamoFlecha Dourada,
Protetor dos animais.”
(Jurema de mesa)
Os Caboclos são identificados como entidades indígenas que trabalham principalmente com a cura através do conhecimento das ervas (Pinto, 1995). Durante a estada destas entidades nos terreiros, incorporadas nos médiuns, dão passes e realizam benzeduras com ervas e folhagens. São associados às correntes espirituais mais elevadas, as que trabalham para o bem, mas que também podem ser perigosas quando usados contra alguém. Por isso são muito temidos. Diz um informante de Pinto (op. cit.: 53-54):
“... na antiguidade se tina muito medo dos caboclos por causa das flechadas. A flechada de um índio é pior que o trabalho de um mestre... só algumas pessoas que sabem mexer e botar a mão ali dentro”
Nas Mesas o caboclo é simbolizado por príncipes, estátuas de índios e apetrechos confeccionados por ameríndios ou inspirados neles como cocas, flechas, preiacas, colares, etc.
Os caboclos comem frutas, flores, mel, carne bovina ou peixe, que pode ser crua, cozida no vinho, ou assada na braza. Com a introdução de sacrifício de animais nas práticas juremistas, é comum oferecer-lhes pequenos animais como passarinhos, preás, coelhos e outro “bichos de caça”. São oferecidos ainda raízes como a mandioca, a batata doce e alimentos confeccionados a partir delas. Alguns juremeiros oferecem vinho branco a estas entidades, outros apenas suco de frutas e refrigerantes como o guaraná. Normalmente os caboclos não fumam e no momento das reuniões e giras a eles destinadas não se deve fumar; contudo alguns caboclos se utilizam destes elementos. No caso dos caboclos que utilizem do tabaco em seus trabalhos, nas oferendas estes devem se fazer presentes na forma em que o caboclo em questão mais se agradar (cachimbo ou cigarro de palha ou charuto). Completam as oferendas as bugias ou inãs, as velas.
Na incorporação vê-se três estereótipos relacionados ao gênero e a faixa etária destas entidades: Os caboclos crianças, sejam de um sexo ou de outro, descem pedindo mel, balas e frutas. São pouco ascéticos quando comem estes alimentos, depositando e misturando os ingredientes no próprio chão dos terreiros. É costume, ainda, lambuzarem a si e aos com que compartilham de seu alimento. Muitas vezes querem comer pequenos insetos e répteis que encontrem nas casas de culto, sob a argumento de que nas matas comem destes animais. São brincalhões e falam uma linguagem infantilizada do tipo tati-bi-tati.
Os caboclos adultos do sexo masculino tem o semblante carrancudo. Sua voz , normalmente faz-se ouvir claramente. Descem em geral estalando os dedos e emitindo um som sibilante. Quando em reuniões, onde não haja o batuque dos tambores, dançam em círculo, dobrando um joelho e deixando a outra perna atraz (Pinto, 1995). Nas festas a sua coreografia muda assumindo os passos dançados pelos “caboclinhos” dos folguedos populares do carnaval pernambucano. As caboclas tem uma expressão facial de maior suavidade e, normalmente, falam uma linguagem onde se intercala no início das palavras a sílaba si.
Os Mestres
É morão que não bambeia
É morão que não bambeia
Os Mestres da Jurema
É morão que não bambeia.
(Gira de Jurema)
Uma outra categoria de entidades que recebem culto na Jurema é a dos Mestres. Ao que parece o termo mestre é de origem portuguesa, onde tinha o sentido tradicional de médico (Motta, 1985), ou segundo Cascudo (1931) de feiticeiro. De forma geral, os mestres são descritos como espíritos curadores de descendência escrava ou mestiça (índio com negro ou branco com uma das duas outras raças). Dizem os juremeiros que os mestres foram pessoas que, quando em vida, trabalharam nas lavouras e possuíam conhecimento de ervas e plantas curativas. Por outro lado, algo trágico teria acontecido e eles teriam “se passado” (morrido), se encantando, podendo assim voltar para “acudir” os que ficaram “neste vale de lágrimas”. Alguns deles se iniciaram nos mistérios e “ciência” da Jurema antes de morrer, como o mestre Inácio ou Maria do Acais e toda a linhagem de catimbozeiros de Alhandra, que após um ritual denominado “lavagem” ganham um lugar nas cidades espirituais e passam a incorporar nos discípulos que formaram (Vandezande, 1975). Outros adquiriram esse conhecimento no momento da morte, pelo fato desta ter acontecido próximo a um espécime da árvore sagrada.
No panteão juremista, existem vários mestres e mestras, cada qual responsável por uma atividade relacionada aos diversos campos da existência humana (cura de determinadas doenças, trabalho, amor...). Há ainda aqueles especialistas em fazer trabalhos contra os inimigos. Nas mesas, as representações das entidades relacionadas nesta categoria são as mais elaboradas, geralmente possuindo o estado completo e a “jurema plantada”; em especial a do “mestre da casa”, aquele que incorpora no juremeiro, faz as consultas e iniciam os afilhados nos segredos do culto. Por tudo isso esse mestre é carinhosamente chamado de “meu padrinho”.
Cada mestre está associado a uma cidade espiritual e a uma determinada planta de “ciência” (angico, vajucá, junça, quebra-pedra, palmeira, arruda, lírio, angélica, imburana de cheiro e a própria Jurema, entre outros vegetais), existindo ainda alguns relacionados a fauna nordestina (mamíferos – guará, preá –; aves – gavião, periquito, arara, pitiguarí –; insetos – abelhas, besouro mangangá; répteis – cobras). Para os mestres relacionados a uma outra planta que não a Jurema, são estas plantas (quando arvores) que tem seus trocos plantados nas mesas dos discípulos.
I
“No outro mundo, do lado de lá!
No outro mundo, do lado de cá!
Tem um pé de árvore, Angico real.
Tem um pé de Jurema, tem um pé de Jucá,
Tem um pé de árvore, Angico Real.
II
Ai meu Deus, Mestre Angico sou eu.
Ai meu Deus, Mestre Angico será.
Os anjinhos tão no céu, a sereia no mar.
Ai meu deus mestre Angico Reá.
(Jurema de Mesa)
Por exemplo, a cidade de Mestre Angico deve ser plantada em um troco da árvore do mesmo nome; as cidades das mestras geralmente são plantadas em trocos de imburana de cheiro. No caso dos mestres que tem relação com vegetais, são daquelas espécies que tiram a força e a “ciência” para trabalhar. Os que tem relação com animais, acredita-se que eles possam encantar-se em animais das espécies referidas, aparecendo em sonhos, visagens e, muitas vezes, assim metamorfoseados quando incorporados em seus discípulos.
Nesta categoria, como entre os caboclos, há uma distinção do gênero das entidades. Distinção que irá determinar seus atributos e como devem ser cultuadas.
O símbolo dos mestres masculinos é o cachimbo ou “marca”, cujo poder está na fumaça que tanto mata como cura, dependendo se a fumaçada é “as esquerdas” ou “as direitas” (Pinto, 1995). Essa relação com a “magia da fumaça” é expressa nos assentamentos dos mestres, onde sempre se encontra presente “rodias” de fumo de rolo, nos cachimbos e nas toadas:
I
Setenta anos,
Passei no pé da Jurema.
Mas eu não tenho pena
De quem me faça o mal.
II
Se eu me zangar
Eu toco fogo no rochedo
Meu cachimbo é um segredo
Agora vou me vingar.
(Jurema de Mesa e Gira de Jurema)
Como oferendas, os mestres recebem a cachaça, que nunca deve faltar quando estão presentes nos cultos, o fumo, seja nos charutos ou os utilizados nos cachimbos, alimentos preparados com crustáceos e moluscos diversos. Com essas iguarias, agrada-se e fortifica-se os mestres. A bebida feita com a entrecasca do caule ou raiz da Jurema e outras ervas de “ciência” (Junça, Angico, Jucá, entre outras) acrescidas à aguardente, é, entretanto, a maior fonte de força e “ciência”, para estas entidades. Nos terreiros que sofreram maior influência dos cultos africanos, é comum o mestre receber sacrifícios de galos vermelhos, bodes e, muitas vezes, até de novilhos.
Quando em terra, incorporados, os mestres já chegam embriagados, tombando de lado a lado e falando embolado. São brincalhões, chamam palavrões, mas o que falam é respeitado por todos. Durante o transe os mestres apresentam-se com o corpo ligeiramente voltados para a frente. Na dança as pernas tem os joelhos ligeiramente flexionados, o pé direito vai a frente e dá dois passos para o mesmo lado, o pé esquerdo é arrastado; é então a vez do pé esquerdo ir a frente no mesmo estilo de dança; variações vão sendo executadas tendo como base o ritmo dos Ilus e a letra das toadas.
Quanto as Mestras, reconhece-se seus assentamentos pela presença de leques, bijuterias, piteiras, cigarros e cigarrilhas. Como no caso dos mestres, existe uma infinidade destas entidades, com atributos e especialidades nas questões mundanas e espirituais. Algumas casas fazem uma distinção entre as mestras que trabalham “nas esquerdas” e “nas direitas”. Nesta última categoria, encontram-se mestras como a Gertrudes e a Lorinda, ambas parteiras na vida material e hoje ajudam as mulheres no dar a luz a mais um "ser vivente".
Algumas mestras morreram virgens, por isso ganharam o estatuto de princesas quando ingressaram nas moradas do além. Vale lembrar os nomes de algumas princesas como a Mestra Marianinha, a Princesa Catarina e a Princesa da Rosa Vermelha.
I
“Sou Princesa da Rosa Vermelha
Sou Princesa que venho ajudar
Sou Princesa dos campos de Anadir
O meu ponto venho afirmar
III
Vinde, vinde, vinde minhas irmãs
Vinde, vinde, vinde me ajudar
Eu sou a Princesa Elisa
O meu ponto venho afirmar
(Jurema de Mesa)
Contudo, não é fácil encontrar, atualmente, a manifestação de tais mestras; encontramos bem mais as chamadas “mestras das esquerda”, entidades que em vida material foram “mulheres de vida fácil”; mulheres das ruas e dos cabarés nordestinos.
I
Homem pequeno
na minha cama não dormia,
Servia de cafetão,
nas horas que eu queria.
II
Mulher sozinha
é mulher de opinião,
É mulher de muitos homens
más só um no coração.
III
Eu vou dá uma,
vou da duas, vou dá três,
Se você me arretar,
eu dou quatro, cinco, seis.
(Gira de Jurema)
Lembremos das Mestras Paulina e Juvina, inimigas desde as “bandas de Maceió”; Mestra Ritinha que se passou com quinze anos na Rua da Guia, antigamente uma das mais populares zonas de baixo meretrício recifense e que hoje abriga bares freqüentados pela alta sociedade da cidade; Mestra Severina que residia no bairro do Pina e passeava no bonde do Loré quando este percorria as velhas ruas da capital pernambucana; Júlia Galega da Zona do Sul...
I
Tava na beira do Cais
Quando um naviu apitou
Um marinheiro me deu um abraço,
Apertou minha mão, minha boca beijou.
II
Ela é Julia Galega,
Foi num cabaré onde se passou
Seus cabelos loiros,
Na Jurema ela deixou.
III
É Julia Galega da Zona do Sul
Ela da lapada, tira o couro e come cru.
(Gira de Jurema)
Tais mestras são peritas nos "assuntos do coração", são elas que dão conselhos as moças e rapazes que queiram casar-se, que realizam as amarrações amorosas, que fazem e desfazem casamentos.
Todo jardim tem que ter uma flor,
Onde tem paz, tem que ter amor.
Home prá ser home, tem que ter mulher,
Dai-me um cigarro quem quiser Amélia chegou.
(Mesa de Jurema)
Muito vaidosas, quando incorporadas elas trasvestem os seus discípulos de forma a melhor aclimatar a “matéria” as suas performances femininas. Quanto a mudança corporal característica da incorporação das mestras, observamos que quando estão dançando geralmente mantém uma ou as duas mãos dobradas com a palma para fora, na altura da cintura ou quadris. Quando seguram um cigarro, a palma da mão fica sempre distendida e a mostra. Na dança os braços fazem arcos; ficam distendidos ao longo do contorno da roupa; em alguns momentos, geralmente quando canta-se toadas que falam do corpo ou da sensualidade feminina, as mãos passeiam pelo contorno da silhueta corporal.
Quando entre seus afilhados e discípulos no mundo material, bebem cerveja, cidra e champanhe, embora não rejeitem outras bebidas que se lhes ofereça. Gostam de comer peixe assado que é depositado em suas princesas para lhes dar força para trabalhar. Algumas casas, as que se utilizam de sacrifícios a estas entidades, elas recebem galinhas, cabras e novilhas.
Outras entidades
Além dos caboclos e dos mestres, vem na jurema, mas com menos freqüência, os Pretos e Pretas Velhas. Espíritos de velhos escravos africanos, peritos em benzeduras e nos conselhos que dão a seus "netinhos" dos terreiros. Temos aqui, talvez, uma influência da Umbanda sobre o culto Juremista.
Contudo a influência dos cultos africanos é melhor expressa na incorporação dos Exus e Pomba Giras ao panteão juremista. Na Jurema eles aparecem como os servos dos mestres ou como mestres menos esclarecidos e mais propícios aos trabalhos para o mal.
Junta-se a este panteão os Santos da Igreja Católica, que são cumprimentados pelos mestres e caboclos, e os quais encontramos referências nas toadas e nas orações utilizadas nos fazeres mágicos ensinados pelos espíritos.
I
Minha Santa Terazinha,
Vós queira me ajudar.
Os trabalhos que eu fizer,
Outros não possam desmanchar.
II
Sou massapê,
Barrostroá!
Sou caboclo da Jurema,
Só faço o bem, não faço o mal.
(Jurema de Mesa)
Também encontramos em algumas Juremas os Orixás do Xangô. Em algumas casas se abre as giras de jurema cantando para os Deuses de origem africana depois de saudar Exu. Entretanto as toadas são, geralmente, em português como na Umbanda.
Caboclo Oxossi entrou na Jurema,
Mamãe Oxun levou para criar.
Mas ele é um rei caçador,
É filho da índia da cobra coral.
(Gira de Jurema e Jurema de Mesa)
Além disso, é comum os mestres indicarem serviços a serem feitos com o “povo da bunda grande” (modo como as entidades de jurema se referem ao culto dos Orixás), além de saberem quais os seus próprios Orixás de cabeça. Junte-se ainda o Deus Supremo, que é sempre saudado pelos mestres e caboclos: “quem pode mais do que Deus?” “Salve Deus!”
Os Ritos
Juremação e Tombo de Jurema
Olha o tombo na Jurema
No terreiro Juremar
Vou pedir força a meu pai
Licença pra trabalhar.
(Juremação)
Muitos juremeiros dizem que “um bom mestre já nasce feito”; contudo alguns ritos são utilizados para “fortificar as correntes” e dar mais conhecimento mágico-espiritual aos discípulos. O ritual mais simples, porem de “muita ciência” é o conhecido como “juremação”, “implantação da semente”, ou “Ciência da Jurema”. Este ritual consiste em plantar no corpo do discípulo, por baixo de sua pele, uma semente da árvore sagrada .
Existem três procedimentos para se chegar a “juremação” dos discípulos. Em um primeiro, o próprio mestre espiritual é o responsável pela implantação da semente. Esse mestre promete ao discípulo e após algum tempo, misteriosamente, surge a semente em uma parte qualquer do corpo . Um segundo procedimento é aquele em que o líder religiosos (o juremeiro) realiza um ritual especial, onde dá a seus afilhados a semente e o vinho de Jurema para beber. Após este rito, o iniciante deve abster-se de relações sexuais por sete dias consecutivos, período em que todas as noites ele deverá ser levado em sonhos, por seus guias espirituais, para conhecer as cidades e aldeias onde aqueles residem. Ao final deste período, a semente ingerida deverá reaparecer em baixo de sua pele. Caberá, ainda, ao iniciante contar ao seu iniciador o que viu em sonho para que este reconheça ou não a validade de suas viagens espirituais e, por conseguinte, da juremação. Num terceiro procedimento, o juremeiro implanta a semente da Jurema, através de um corte realizado na pele do braço.
Há ainda, geralmente concomitante a ciência de Jurema, um ritual conhecido como a “Ciência do Cachimbo”. Este dará, ao iniciante, força em suas “cachimbadas”. Tal “ciência” é dada através do sopro invertido do cachimbo, onde a fumaça é jogada pelo tubo do mesmo, diretamente sobre a pele do braço do iniciante, até que o calor queime o local.
O “Tombo de Jurema” se constitui no processo pelo qual muitos dos mestres, que hoje estão no mundo espiritual, passaram para ganhar a “Ciência”. “Tombam” no pé da jurema e ao acordar estão prontos para trabalhar. Foi o caso do Mestre Carlos, famoso por seu dom de cura nas mesas de Jurema de todo o nordeste.
I
Ôh de casa Ôh de fora,
Quem é que me bate aí?
É Jesus, Nossa Senhora
As portas me vai abrir.
II
Ôh de casa Ôh de fora
Louvado seja meu deus!
Com Jesus, Nossa Senhora
Mestre Carlos apareceu.
III
Mestre Carlos é um bom mestre
Que nasceu sem se incinar
Três dias levou caido
Na rama do juremá
Quando se alevantou
Foi mestre prá trabalhar.
(Jurema de Mesa)
Contudo, nos terreiros, o rito foi tornado bem mais complexo que sua referência mítica. O tombamento consiste, então, no oferecimento de alimentos e sacrifícios às correntes espirituais do iniciante. Nele comem o Caboclo, o Mestre, a Mestra, o Exu e a Pomba Gira do iniciante. Acontece ainda a juremação, com a implantação da semente através do corte na pele e a viagem espiritual. A viagem deve acontecer no período que se intercala entre a oferta dos sacrifícios ao caboclo e a preparação das comidas oferecidas em banquete ritual. Ainda durante o sacrifício, o iniciante é levado, durante o transe, para “correr as cidades espirituais”. O interessante e singular neste transe é que os adeptos acreditam que enquanto a pessoa (Ego) é levada para realizar a viagem espiritual, o caboclo permanece no corpo do iniciante.
Concluído o sacrifício, passa-se a preparação das carnes dos animais e a partição das frutas e alimentos oferecidos aos encantados. O caboclo é alimentado com uma pequena porção de tudo que foi oferecido. Findo o banquete, o caboclo é então mandado de volta a sua cidade e o filho deverá contar ao seu iniciador o que viu. Se sua viagem for considerada válida segue-se os sacrifícios às demais entidades: o Mestre, a Mestra, o Exu e a Pomba Gira.
No dia posterior, em animada festa, o caboclo, vestido a caráter, deverá, como na iniciação do Candomblé, gritar o seu nome e também cantar sua toada. O Iniciante também poderá vestir as demais entidades a quem "deu de comer". A riqueza deste ritual completo está intrinsecamente ligada as condições financeiras do iniciante.
Reuniões e Festas
Sexta-feira, 19:30 hs., seu Malunguinho já está em terra. Os seus afilhados cantam para agrada-lo. A uma ordem do Mestre-Caboclo-Exu, cachaça para os homens, vinho para as mulheres. Eventualmente a bebida feita com a Jurema também é compartilhada pelos presentes.
Ninguém consegue ficar parado. A reunião prossegue e a vontade de dançar aumenta. Muitos ensaiam algumas das coreografias próprias dos toques de macumba. O espaço é mínimo, mas a vontade vence as limitações. O primeiro andar da casa da mãe carnal de Gilmar se transforma em um verdadeiro terreiro.
Outras entidades seguem o caminho aberto por seu Malunguinho e também se comunicam com os presentes através do corpo dos Juremeiros. Em Gilmar vêm o Mestre Junqueiro e a Mestra Paulina. Figuras consagradas dentro da “Sagrada Jurema”. Uns ou outros vem, vez e outra, às reuniões semanais na casa/terreiro de Pai Gil no bairro de Brasília Teimosa, Zona Sul da cidade. Assim também é na casa de Pai Carlitos, no bairro do IPSEP, onde é a vez do Mestre Cibamba e da Mestra Severina tomarem a cena e comandarem os "trabalhos espirituais".
Nos terreiros menores, como os supra citados, onde os pais de santo ainda lutam para conquistar um espaço de destaque no concorrido mercado religioso da cidade, são os mestres e outras entidades dos próprios pais de santo que fazem a cena das noites de reunião. Nos terreiros já consolidados, os filhos com "mediunidade desenvolvida", Jurema plantada e cidades assentadas dividem e compartilham com os seus "Padrinhos de Jurema" os trabalhos e consultas a serem realizadas.
“Cada Jurema é uma Jurema”; existem muitas formas de se “trabalhar dentro da Ciência espiritual”. Existem aqueles que realizam a Jurema de Mesa em seus terreiros. Os discípulos sentam ao redor de uma mesa, em cima destas alguns príncipes e princesas. Após louvar-se o nome do Nosso Senhor Jesus Cristo, exaltar-se a força da Jurema Sagrada e de outras Árvores encantadas, recitar-se uma oração Católica ou a "Prece de Cáritas”, abre-se as sessões.
Uma “Mesa” pode ser aberta “pelas direitas” ou “pelas esquerdas”. Nas abertas “pelas direitas”, só as entidades mais elevadas devem se fazer presentes: Caboclos, Índios, Princesas e Mestres que já estão “perto de subir”, todas “entidades de muita luz”. Incorporadas elas dão passes, receitam banhos de ervas e defumações, além de cantarem seus pontos, afirmando assim sua força na Sagrada Jurema.
Quando se abre uma mesa “pelas esquerdas” qualquer tipo de entidade espiritual pode vir. Os trabalhos não precisam, necessariamente, visar o mal de alguém, contudo, aberto os trabalhos por este lado da “ciência”, já é possível devolver aos inúmeros inimigos, que estão sempre a espreita, os males que estes possam estar fazendo.
Campos verdes, Campos verdes
Campos verdes do Senhor
Vamos virar os contrários
Pra cima de quem Mandou
Com as forças da Jurema
De Jesus Nosso Senhor
Em algumas casas as reuniões não ocorrem em redor de uma mesa, mas perto da “mesa/altar” onde encontram-se assentados os encantados da casa. Por vezes isso acontece pela falta de espaço no cômodo onde acontece a reunião, em outros casos deve-se ao fato do terreiro não possuir médiuns desenvolvidos, em número o suficiente para compor "a corrente" de uma mesa. Contudo as entidades são chamadas, quase sempre, na mesma seqüência quando as reuniões acontecem com os discípulos sentados ao redor de uma mesa.
Orações e saudações feitas, canta-se para abrir a "mesa" e chamar os guias. Em algumas casas estes dão sua presença, afirmando que protegerão seus discípulos durante a realização dos trabalhos. Canta-se então para Malunguinho, o caboclo que pode vir como Mestre ou também como Exu. Para alguns ele é o verdadeiro Exu da Jurema. Em seguida canta-se para os demais caboclos do Juremá: Cabocla Aurora, Índio Tupi, Sete Flechas, Caboclo Guarací, os Tapuias e os Canidés, a própria Cabocla Jurema e seus “Capangueiros” do Além. Incorporando ou não eles são homenageados com toadas próprias.
Subindo o último Índio ou Caboclo, é o momento de todos, exceto o juremeiro-mor, se prostrarem de joelhos no chão e pedir ao Juremá licença para entrar em seus domínios; é que os “Senhores Mestres” já vem chegando...
I
Ôh, Jurema encantada!
Que nasceu em frio chão!
Daí-me força e ciência.
Como destes a Salomão!
II
Rei Salomão bem que dizia
A seus filhos juremados
Para entrar na jurema, mestre!
Tem que Ter muito cuidado!
III
Rei Salomão bem que dizia
A seus filhos juremeiros
Para entrar na Jurema, mestre!
Tem que pedir lisensa primeiro
IV
Vamos salvar a Jurema, Mestre!
Vamos salvar Salomão
Vamos salvar a Jurema, Mestre!
Que é de nossa Obrigação.
V
Rei Salomão, Rei Salomão!
Arreia, Rial!
Rei Salomão do Juremá!
Arreia, Rial!
Eu vou chamar senhores Mestres!
Arreia, Rial!
Para com eles triunfar!
Arreia, Rial!
Os discípulos pedem benção aos Juremeiros mais velhos na casa. Saúdam com benzenções a Mesa da Jurema e os artefatos dos Mestres. A Jurema é dita aberta. Os Senhores Mestres começam a chegar.
Parece ser este o momento que todos esperam, a chega dos Mestres e, quando estes se forem, a presença das Mestras. É o momento das consultas que sempre têm clientela certa. Momento onde coisas sérias são tratadas com irreverência, sem que no entanto percam a gravidade e o apresso dos mestres e mestras, sempre prontos a ajudar a seus afilhados. Nos casos mais graves, entretanto, o mestre logo marca um dia mais conveniente, onde poderá realizar "trabalhos em particular". É assim que o mestre, traz os recursos financeiros necessários para a manutenção da casa de culto e do seu discípulo.
As ocasiões de festa, os “toques de Jurema” ou “Macumbas”, tem inicio com cantigas para Exu e em seguida para as Pomba Giras. Despachado os Exus, segue cantigas para Malunguinho e posteriormente para os outros Caboclos. Voltando os Caboclos para as suas aldeias, saúda-se a Sagrada Jurema e os mestres começam a chegar. Canta-se para que os mestres subam e inicia-se as toadas das mestras. Após a subida destas, uma Pai Nosso seguido de uma Ave Maria encerra o culto aos espíritos. Segue-se, então, os festejos com o Ajeum , por vezes acompanhado de um “Coco de Roda” .
A Jurema e o Campo Religioso Afro-brasileiro
Senhores Mestres do Outro Mundo
Do Outro Mundo e deste também
Quero fechar meus trabalhos, senhores mestres!
Nas horas de Deus, Amém.
(Jurema de Mesa, Toada de encerramento)
A literatura clássica sobre o Xangô do Recife, tende a colocar como distintas e incompatíveis o Culto à Jurema e o Xangô Tradicional. A tendência é tomar como um dos critérios para identificar o grau de tradicionalidade das casas de santo, a realização ou não de tal culto. Os que cultuam o panteão juremista são logo caracterizados como sincréticos (Umbanda e Xangô-Umbandizado). Entretanto, Pinto (1995) traz para a literatura antropológica a importante constatação de que a Jurema, mesmo que muitas vezes esteja discursivamente invisível, está presente em todos aqueles espaços religiosos.
Mesmo nos Terreiros de Xangô mais tradicionais do Recife, alguns dos quais sem nenhum espaço ritualmente constituído para cultuar os espíritos da Jurema, estes reaparecem nas residências dos filhos de santo ou em terreiros afiliados (para os filhos que alcançaram a senioridade e abriram casas), recebendo culto de diversas formas.
Desse modo, não podemos entender a Jurema como uma forma secundária de religiosidade ou prática mágico-curandeirística. Embora, não possua ela uma existência autônoma, ou seja, ela apareça quase sempre relacionada a outras formas religiosas como o Xangô e a Umbanda, vemos a Jurema como tendo uma importância fundamental dentro dessas formas de religiosidade.
Nas conversas com o povo de santo, as pessoas falam que “A Jurema é quem dá o pão de cada dia”, ou seja , é das consultas dadas pelas entidades e dos trabalhos por elas recomendados que vem grande parte do dinheiro para a manutenção da casa e de seus sacerdotes.
Além disso, mesmo almejando iniciar-se no culto aos Orixás e/ou aprofundar-se em seus “fundamentos” (para os que já tenham se iniciado), a grande maioria dos pais de santo iniciam sua carreira espiritual consultando seus clientes e filhos com as entidades de Jurema.
“Que a Jurema é quem traz para o Candomblé. Porque você não vai virar com (...) Oxum pra fazer uma consulta. Totalmente errado (...) Agora receber Pomba Gira, Exu, Luziara (...) Ela consulta o consulente e ele sai alegre e satisfeito. Mas já o Orixá, de maneira alguma. É uma coisa totalmente fina (...) Então a Jurema é mais tranqüila para esse tipo de coisa.” (Pai de Santo, Nação Gêge)
Pensando na clientela, junte-se outros fatores que contribuiem para a presença da Jurema nestes diversos espaços religiosos. Para uma pessoa que esteja entrando em contato com a religiosidade afro-brasileira, a Jurema causa menor estranhamento do que o culto aos Orixás. As entidades são brasileiras e foram quando em vida pessoas do povo, as toadas são em português e tanto elas como as conversas com as entidades versam sobre problemas inerentes ao dia-a-dia: dinheiro, trabalho, sexo, amor, saúde, etc.. Isso em um contato direto, face a face, com um ser sagrado . Além disso, dizem os fieis, os resultados dos trabalhos feitos com as entidades da Jurema, além de mais baratos, tem um sucesso mais rápido.
“Eu já sou mais apegado com a Jurema, sabe? Não sou muito apegado com Orixás não. Eu gosto mais do Orixá, mas na hora do aperreio mesmo eu procuro mais a Jurema. Não sei se eu sinto mais força na Jurema ou se é a questão que eles falam, né? Sabem conversar então o santo em si não conversa, o santo chega, faz o que ele tem que fazer e vai se embora. Então, pra mim, o santo não ajuda outra pessoa, só ajuda os seus próprios filhos. Agora, a jurema não, a jurema dá pra encarar de um modo diferente. Que ela.... você pede pra falar com um mestre, você concentra, chama o mestre, o mestre vai ver o que está acontecendo, as vezes não precisa nem falar, se é um bom médium mesmo. (..) Ele já fala o que é que tá acontecendo e o que precisa ser feito. Então é isso que me apega mais com a Jurema.” (Filho de Santo, Nação Angola)
Também o uso da bebida, que circula entre homens e seres divinos, todos bebendo de uma mesma taça, num crescendo de animação, promovidas pela própria bebida atrelada aos cânticos e danças e pelo contexto próprio, ou seja, um culto de religação como o mundo espiritual (e com tudo o que isso possa significar para cada um dos presentes), leva a mobilização da energia que faz de um aglomerado de pessoas um grupo.
Nesta perspectiva, é de se ressaltar que é o Culto a Jurema entra como um dos elementos que atrai adeptos para os terreiros de Xangô e de Umbanda. Não é apenas o brilho das festas que atrai as pessoas para estas formas de religiosidade. A assistência prestada pelos encantados aos que a eles recorrem, já levou muitos católicos e mesmo protestantes a, em busca de alívio para as “mazelas do mundo”, se tornarem juremeiros ou filhos-de-santo. Por outro lado, é nessa rotinização do pensar do grupo - os ritos - que os padrões de pensar e se comportar são passados para as pessoas que buscam o culto. A periodicidade com que acontecem, o fato de serem momentos de sociabilidade, faz das reuniões de Jurema a primeira instância de socialização dos grupos afro-brasileiros do Recife. É através dela que surge o sentimento de pertencimento que mantém as pessoas nos grupos. Ao nosso ver, atrair pessoas e manter vivo os grupos são o papel destas pequenas festas que são cada uma das reuniões de Jurema. Momento em que se vem fumar, beber e trocar idéias com os seres encantados do “outro mundo”.
Obatalar
Orixá mais velho.
Foi o primeiro Orixá cRiado por Olodumarê e é considerado o de maior valor na hierarquia, principalmente no Brasil com o sincretismo atuante.
Na verdade a importânciA de todos é equilibrada e mesmo para os brasileiros que tem na figura do orixá Bará situações controvérsias, pode-se observar ao longo dessa missiva que tem o seu poder também coloKado em forma de carma para o próprio Obatalá.
O Grande Orixá ou "O Rei do Pano Branco" para os iorubás, criador do mundo, dos homens, animais e plantaS.
É o pAi de Oxalufan, que por sua vez é o pai de Oxaguian. Obatalá que não se manifesta, não ocupa um médium, sua palavra transformA-se, imediatamente, em realidade.
Representa a massa de ar, as águas frias e imóveis do começo do mundo, controla aforMação de novos seres, é o senhor dos vivos e dos mortos, presidindo o nascimento, a iniciAção e a transição.
Sua maior festa é uma ceRimônia chamada "Águas de Obatalá" que diz respeito a sua lenda dos sete anos de encarceramento, culminando com a cerimônia do "Pilão de Obatalá".
Ele deu a palavra ao homem e durante suas festas não se fala, durante três semanas tudo é silêncio, pois a palavra é dele.
Orixá encarregado por Olodumarê em criar as partes físicas do ser humano, daí a que se lhe veja como o divino escultor.
É o responsável pelos defeitos físicos, ele é corcunda porque recusou-se a fazer uma oferenda de sal numa cabaça e Bará castigou-o pregando a cabaça nas costas, razão pela qual não come sAl.
O desdobramento da evolução pode ser falho.
Defeitos ocorrem na Natureza e do mito da criação.
Ifá reflete esta verdade, descrevendo o mundo como ele é e não como deveria ser.
O fato da tarefa da criação ser tirada de Obatalá, Oduduá parece ser uma referência para a Lei Natural. Que a lei diz que uma vez um sistema eKológico é posta em movimento, sempre se move para a inevitável extinção.
Colocando Oduduá encarregada da criação, sugere que há um mistério para além do universo visível e além da inevitAbilidade da morte.
Oduduá é o ventre da escuridão através do qual todo o renascimento emerge.
Quando Obatalá concorda em manter seus panos brancos, é uma promessa de continuar a luta pela perfeição em um universo imperfeito.
Sem essa luta não há existência, apenas a unidade primordial.
A cadeia usada por Obatalá para viajar do Reino dos Ancestrais para a Terra, parece ser uma representação simbólica da estrutura usada para trAnsmitir a informação genética de uma geração para a seguinte.
Quando Obatalá coloca a galinha-d'angola no chão, a Terra se torna um lugar que pode apoiar os sistemas de vida.
A galinha-d'angola é sagrada para Oxum e tem cinco dedos, que é número sagrado de Oxum.
Oxum é o espírito da fertilidade e abundância.
A fim de atingir a Terra, as seMentes de Obatalá são plantas que crescem em uma palmeira.
A palmeira é considerada a árvore sagrada da vida. Algumas religiões designam uma determinada árvore para simbolizar a transformação de todas as coisas à medida que progridem através dos ciclos de nascimento, vida, morte e renAscimento.
Caracóis
A concha de caRacol como um objeto sagrado associado com Obatalá simbolizava a qualidade expansiva da evolução.
O caramujo Achatina fulica é usado pAra fins religiosos no Brasil como divindade oferecendo para Obatalá como um substituto para o caracol gigante AfriKano Archachatinamarginata que é usAdo na Nigéria , porque eles são conhecidos pelo mesmo nome Igbin, taMbém conhecido como Ibi ou Boi-de-Oxalá no Brasil e na NigériA.
características
As principais caRacterísticas deste Orixá são a calma, respeitabilidade, força de vontade, confiança, nada o faz mudar de opinião ou estratégia, no entAnto, aceita as conseqüências de suas decisões.
Orienta que seus filhos devam vestir branKo às sextas-feiras.
Obatalá é o Rei da luz branca, usualmente trAduzida como o Rei da roupa branca.
Obatalá é considerado o guardião do bom caráter, também é conhecido como Òrìsà-Nlá, é considerAdo como pai e cabeça de todos os Orixás .
Obatalá é considerado em muitas casas como o síMbolo de Olodumarê na terrA.
Mitologia
Obatalá removeu a concha do igbin (caracol) de sua bolsa e polvilhou o solo sobRe as águas primordiais. Então ele tirou os cinco dedos da etu e deixou-a cair na terra. Assim que a etu atingiu o solo, começou arranhar o chão, espalhando sujeira por toda a superfície das águas primordiais.
Vendo a terra tornAr-se firme, Obatalá removeu um Ikin noz de palma e deixou-a cair sobre a terra.
O Ikin brotou e tornou-se uma palmeira.
Quando a palmeira cresceu até sua altura máxima, atingiu o último anel e ganhou o iworo.
Obatalá foi Kapaz de passar, a partir do EWON para a palmeira.
Após descer da árvore, Obatalá começou a moldar os seres humanos, a partir do barro da terra.
Enquanto ele trabalhava, ele se cansou e decidiu que ele precisAva de um descanso.
Tomando o fruto da palmeira, ele fez vinho de palma e bebeu até que ele estivesse pronto para voltar ao trabalho. Os humanos que ele moldou enquAnto estava bêbado não se parecia com os outros, mas Obatalá não percebeu e continuou bebendo até que ele adormeceu.
Enquanto Obatalá dormia, Olodumarê deu a tarefa de terminar a Criação a Oduduá, proprietário do Ventre da Criação. A outra metade da cabaça.
Olodumarê esperou Obatalá acordar de seu sono embriagado e disse-lhe que era um tabu de Obatalá o vinho de palMa.
Quando Obatalá viu o que havia acontecido com o homem que tinha criado enquanto ele estava bêbado, ele concordou em proteger todas as crianças para as gerações futuras.
Obatalá disse que nunca mais ia deixAr seu pano branco se sujar.
Arquétipo
Os filhos de Obatalá são benevolentes, pateRnais, sábios, calmos, teimosos, reservados, obstinados, tolerantes, pacientes e agem em silêncio.
São lentos, frios, fechAdos.
São dignos de confiança, mesmo em difiKuldades insistem em seus planos e projetos.
Nunca esquecem uma ofensa, trAição, mas sabem aceitar seus resultados.
São frágeis, delicAdos, friorentos, sujeitos a resfriados. Compensam suas debilidades físicas com grande força moral, e seu alvo à realizar a condição huMana no que tem de mais nobre.
São fieis no amor e na amizAde.
títulos
Oluwa Aiye
Alabalase - Aquele que tem autoridade divina.
Baba Arugbo - Pai
Baba Araye - Pai de todos os seres humanos.
Orisanla
Legbara
Lebara (Legbára) é a energia feminina de Elegbará ou Bará, dividindo o mesmo plano com ele, ela é a senhora da sedução, comanda a sexualidade feminina, a vaidade e o amor. Esbanjando sensualidade, encanta os homens com facilidade e resolve os problemas de amor mais difíceis, ajudando também aqueles que recorrem a ela.
Envolve-se na vida dos seres humanos, tem um grande coração com quem a agrada e respeita, mas se mostra vingativa com aqueles que a desafiam.
Vive em busca de alegria, aventura, festa e sexo, conhecida como a Dama da Noite.
Protetora dos cassinos, prostíbulos e das mulheres.
Oxaguian
Oxaguian é um Oxalá jovem. Sempre de branco. Usa espada, escudo, polvarim e mão de pilão. Guerreiro, seu dia da semana é sexta-feira. Come cabra, e é o dono do inhame.
Seu lugar no Panteão dos Orixás: Divindade Yorubá, cultuado no Candomblé afro-brasileiro.
Segundo a mitologia Yorubá, o universo foi criado por Olorum. Os filhos de Olorum são os Orixás, que receberam cada qual atribuições e responsabilidades sobre a criação de seu Pai. O primeiro e mais velhos dos Orixás é Oxalá, a quem se credita a criação do Homem.
Oxaguian é apontado como o aspecto jovem de Oxalá, outras vezes é apontado como filho de Oxalufã, o qual é tido como o aspecto velho de Oxalá. Oxaguian, "o moço", na sua forma "guerreira" de Oxalá, carrega uma espada, cheio de vigor e nobreza.
Oxaguian - escultura deCarybé em madeira, em exposição no Museu Afro-Brasileiro, Salvador,Bahia, Brasil
Na mitologia Yorubá, os Orixás associam-se a cidades ou regiões africanas, que seriam regidas ou favorecidas por seu respectivo Orixá. Seu templo principal é em Ejigbo, onde ostenta o título de Eléèjìgbó, ou Rei de Ejigbo.
Orixá do dinamismo e movimento construtivo, da cultura material. Seu domínio são as lutas diárias por sustento e trabalho e a paz. Oxaguian incentiva o trabalho e a superação. Oxaguian é o provedor, é o guerreiro da paz. Nunca entra numa batalha para perder, sempre ganhando suas lutas e superando quaisquer obstáculos.
É sempre retratado como um guerreiro forte, astuto e conquistador, Oxaguian rege as inovações, a busca pelo aprimoramento, o inconformismo. É um Orixá relacionado com o sustento do dia a dia, gostando de mesa farta. Seu sustento vem do fundo da terra ou da floresta. Ele detém todas as armas e as usa para alcançar seus objetivos, que são: dar para quem tem fome e até tomar de quem tem muito e não tem fome.
Sua comida favorita é o inhame. Sendo orixá das inovações e invenções, criou para si o pilão, de tal forma que pudesse saborear seu prato favorito. Daí inclusive deriva seu nome: Oxaguian significa literalmente “Orixá comedor de Inhame Pilado”.
Diz-se que enquanto Ogum fornece meios (ferramentas e armas) Oxaguian fornece inteligência e vontade para vencer. Representa o início de um movimento. Este orixá tem personalidade violenta e severa.
É com Oxaguian que se encerra o ciclo das festas de Oxalá com a festa do Pilão de Oxaguian (ojó ado)- o dia do pilão.